-Sente-se,
filho!
-Tia, eu
posso ir na janela?
-Claro,
querido! O Mat não se importa, não é mesmo, filho?
-Mas, mãe, eu
sempre vou na janela!
-Poxa, Mat,
por favooor...!
-Tudo bem. Mas
na próxima parada a gente troca de lugar.
Uma viagem longa e cansativa. O carro
atolado de coisas entre perdidas, se perdendo e procuradas. Aquilo não era uma
mini-van, era um esportivo. E também não era confortável para quem estava na
parte de trás, ou então não ouviria as batidas de cabeça na lateral do carro
dadas pelo meu primo.
Mas não importava.
A janela, ainda assim, era disputada. Era melhor para dormir, encostar e babar.
Aqui dentro tem quatro pessoas, infelizmente.
O meu primo é um saco – o Xula. Dizem que quando eu era pequeno chamava ele
assim porque eu não conseguia dizer seu nome: Túlio. Então o apelido ficou.
Túlio era um ignorante. Tudo indicava a
isso, toda e qualquer palavra que saía de sua boca cheirava a ignorância e tudo
que até hoje me proporcionou foram náuseas. E então, lá estava eu, lá estava
ele: nós dois. Se ele fosse uma menininha poderia até ironizar um ar romântico,
mas nem pra isso ele servia. Pois bem, era um inútil.
E, se você quiser fazer a pergunta: “O
que raios, então, ele está fazendo bem aí do seu lado, numa viagem com a sua
família?”, saiba que eu tenho a mesma pergunta em mente. Teve ter algo a ver
com ele ser minha família também, mas sei lá. Não acredito muito nestas
respostas óbvias demais, embora tenha me ferrado várias vezes na escola por
pensar assim e mudar a resposta quando estava certa. É, eu sei. Eu sou lerdo
pra caramba.
Por isso e por tantos outros motivos eu
constatei imediatamente:
a viagem seria longa.
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