sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sobre quatro rodas e um monte de outras coisas.


-Sente-se, filho!
-Tia, eu posso ir na janela?
-Claro, querido! O Mat não se importa, não é mesmo, filho?
-Mas, mãe, eu sempre vou na janela!
-Poxa, Mat, por favooor...!
-Tudo bem. Mas na próxima parada a gente troca de lugar.
       Uma viagem longa e cansativa. O carro atolado de coisas entre perdidas, se perdendo e procuradas. Aquilo não era uma mini-van, era um esportivo. E também não era confortável para quem estava na parte de trás, ou então não ouviria as batidas de cabeça na lateral do carro dadas pelo meu primo.
Mas não importava. A janela, ainda assim, era disputada. Era melhor para dormir, encostar e babar.
      Aqui dentro tem quatro pessoas, infelizmente. O meu primo é um saco – o Xula. Dizem que quando eu era pequeno chamava ele assim porque eu não conseguia dizer seu nome: Túlio. Então o apelido ficou.
      Túlio era um ignorante. Tudo indicava a isso, toda e qualquer palavra que saía de sua boca cheirava a ignorância e tudo que até hoje me proporcionou foram náuseas. E então, lá estava eu, lá estava ele: nós dois. Se ele fosse uma menininha poderia até ironizar um ar romântico, mas nem pra isso ele servia. Pois bem, era um inútil.
           E, se você quiser fazer a pergunta: “O que raios, então, ele está fazendo bem aí do seu lado, numa viagem com a sua família?”, saiba que eu tenho a mesma pergunta em mente. Teve ter algo a ver com ele ser minha família também, mas sei lá. Não acredito muito nestas respostas óbvias demais, embora tenha me ferrado várias vezes na escola por pensar assim e mudar a resposta quando estava certa. É, eu sei. Eu sou lerdo pra caramba.
          Por isso e por tantos outros motivos eu constatei imediatamente:

                                                                                                                    a viagem seria longa.

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